Tabaco é uma das culturas com menor uso de agrotóxicos no país

A utilização de defensivos agrícolas em diferentes culturas do agronegócio brasileiro foi objeto de estudo recente dos professores José Otávio Machado Menten e Lourival Carmo Monaco Neto, ambos docentes da ESALQ-USP. Com base em dados de 2016, os mais atualizados e disponíveis no momento, foram calculadas as demandas relativas de 19 culturas: algodão, alho, amendoim, arroz, banana, batata-inglesa, café, cana-de-açúcar, cebola, citros, feijão, tabaco, maçã, melão/melancia, milho (primeira e segunda safras), soja, tomate, trigo/aveia/centeio/cevada e uva.

O estudo tomou como ponto de partida os dados mais recentes do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDVEG), de 2016, e contou ainda com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDAG) e do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE).

Na análise realizada a cultura do tomate apresentou a maior demanda por defensivos agrícolas, com 46,87 quilos de ingrediente ativo por hectare, seguida pelas culturas da maçã e batata-inglesa, com respectivamente 39,18 e 31,60 kg de ingrediente ativo por hectare (IA/ha). No outro ponto do espectro, as culturas com menor demanda são as culturas da banana, tabaco e feijão, com respectivamente 0,48, 1,01 e 1,22 kg IA/ha, bem abaixo da média dos 19 produtos analisados (4,90 kg IA/ha).

O estudo ainda considerou o tipo de defensivo utilizado em cada uma das culturas analisadas. Em termos de toxicidade, especialmente para os seres humanos, há uma significativa diferença entre essas classes de defensivos, de forma que, em linhas gerais os herbicidas são os menos tóxicos, seguidos pelos fungicidas, acaricidas e inseticidas.

“A utilização de defensivos varia muito entra as culturas por questões agronômicas, técnicas e financeiras. Algumas culturas, como maçã e batata inglesa, que apresentaram maior suscetibilidade às doenças, demandam maiores níveis de proteção. Por outro lado, culturas como a cana-de-açúcar apresentam menor demanda, pois são acometidas por menos doenças. No caso dessa cultura especificamente, o uso de defensivos é majoritariamente composto por herbicidas”, avaliam os pesquisadores.

As três culturas com maior demanda relativa (tomate, maçã e batata inglesa), por exemplo, requerem um uso bastante intensivo de fungicidas. Essa é uma característica agronômica desses produtos que são afetados por uma variedade maior de doenças. Para a cultura do tabaco foi encontrado um valor de 1,01g IA/ha de defensivos agrícolas por hectare, apresentando-se como a segunda menor demanda relativa entre as 19 culturas analisadas.

Para o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), entidade que encomendou o estudo, os resultados não surpreendem. “Este é o quarto estudo que coloca o tabaco entre as culturas que menos utilizam agrotóxicos no país. E cabe destacar que, da quantidade utilizada na cultura do tabaco, 62% são de herbicidas, o menos tóxico entre as classes de defensivos avaliados. Há muitos anos temos gastado energia em desmistificar temas como esse, considerando que campanhas antitabagistas acabam confundindo seus objetivos e culpam o setor por um uso desordenado de agrotóxicos. Fica comprovado mais uma vez, com dados oficiais, que a narrativa é falsa”, afirma o executivo.

SindiTabaco


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