Tabaco: atraso na comercialização pode prejudicar empregos, alerta federação
Em reunião com os sindicatos filiados, a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) conclui com preocupação o balanço inicial da safra de tabaco nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Segundo dados levantados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, o atraso na comercialização do produto já prejudica o volume de contratações temporárias e pode rever, para baixo, a expectativa do setor. Até o momento, menos de 30% da mão de obra sazonal foi convocada, situação que coloca em xeque a projeção de crescimento nas contratações de safreiros.
Para o presidente da Fentifumo, Gualter Baptista Júnior, a situação é preocupante. “Esta análise mostra que há uma dificuldade muito grande na comercialização, uma certa estabilidade entre produtores e empresas, o que gera uma apreensão para nós como sindicato, que afeta justamente os atrasos nas contratações”, avalia. Segundo ele, quanto mais se retarda o acerto entre o fluxo de entrega mais “cadenciado” do tabaco na indústria, mais moroso torna-se o processo de recrutamento da mão de obra sazonal, os chamados safreiros.
Na prática o que este movimento mais vagaroso representa um número menor de trabalhadores contratados já na arrancada da safra. “Por exemplo, previa-se que agora, no mês de março, teríamos de 40 a 50% dos safreiros contratados, não estamos nem com 30%, então a estimativa feita inicialmente, que em abril teríamos 80% dos trabalhadores empregados talvez não se concretize”, salienta.
O efeito dominó deste movimento tardio é, no fim da safra, uma redução geral do volume de safreiros empregados. A retenção do tabaco provoca um represamento na produção industrial. “Já quando o produto chega às linhas de processamento, é necessário que se faça uma verdadeira força-tarefa para que se dê conta do trabalho e isto nos faz pensar que a safra corre o risco de não absorver toda a mão de obra esperada”, pondera o presidente da Fentifumo.
Participaram do encontro os representantes dos sindicatos de Venâncio Aires, Rogério Siqueira (Stifumo), Elísio Xavier, presidente do Sintifavi de Rio do Sul, em Santa Catarina, Maurício Vargas, vice-presidente do sindicato de Porto Alegre (Stifumo), Romualdo Leite, do Sintraf de Uberlândia, Minas Gerais, Valdemir Wielewski, presidente do sindicato de Rio Negro (Sitifumo), no Paraná, Vilmar de Faveri, presidente do sindicato de Araranguá, em Santa Catarina (Sitifursc) e Gualter Baptista Júnior, que além de presidir a Fentifumo é o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (Stifa).
Safra mais curta, também
Outro reflexo negativo do movimento anormal na comercialização do tabaco pode refletir na duração do tempo médio da safra na indústria. A projeção inicial do setor previa que a duração dos contratos poderia alcançar o mês de setembro.
No entanto, quando o produto represado ingressar nas linhas de produção, a “força-tarefa” que a indústria terá que fazer precisará destravar a produção. “Isso implica em um risco grande de que não chegue à extensão da safra, na forma como previmos, até o mês de setembro, e consequentemente, com um menor número de empregados. Toda esta dificuldade na comercialização do tabaco gera um reflexo negativo nas contratações”, complementa Gualter Baptista Júnior, presidente da Fentifumo.