Rio Pardinho: Picada Nova festeja chegada dos imigrantes alemães

Depois da Picada Velha, surgiu a Picada Nova. Rio Pardinho (ou Picada Nova) foi a segunda localidade a ser povoada, por volta de 1952, por imigrantes alemães. Talvez não tenham sido os primeiros moradores, pois existem alguns poucos registros de habitantes nas imediações da atual ponte sobre o Rio Pardinho.

Os registro nos livros “Centenário da Colonização Alemã em Rio Pardinho – 1852 a 1952”, de autoria do Pastor Loefflad e “De Picada Nova a Rio Pardinho: o início”, da pesquisadora Marlise Gertrudes Diehl, fazem alguma alusão a isso.

Porém, a comunidade de Rio Pardinho celebra em homenagem aos 170 anos de imigração alemã. A abertura da Picada Nova, hoje Rio Pardinho, ocorreu em sentido oposto à Picada Velha, atualmente Linha Santa Cruz, até a chegada dos primeiros imigrantes, os quais eram oriundos, principalmente, da Prússia, Saxônia, Pomerânia e Rheno.

Eles vieram depois de uma campanha na Alemanha, em 1851, quando Pedro Kleudgen, que tinha contrato com o governo provincial daquela época, propagou num jornal de Hamburgo uma publicação para angariar imigrantes até a Colônia de Santa. Mesmo não tendo conseguido o número de imigrantes estipulado, partiram de lá quatro navios em 1852.

Vieram da Alemanha o veleiro “Fortuna”, que alcançou o porto de Rio Grande em junho de 1852; o “Marianne”, que partiu em 29 de julho em Hamburgo, trazendo o maior número de imigrantes (60 pessoas), e aportou em 6 de novembro em Rio Grande, chegando à Colônia de Santa Cruz em 21 de novembro; o “Hermine”, que ancorou em dezembro; e o navio “Luise Emilie”, que içou suas velas quase no final do ano de 1852, estando a bordo 55 adultos e 17 crianças. Esta foi, infelizmente, a última viagem do veleiro, que naufragou junto à costa inglesa, salvando-se apenas 35 pessoas. Os náufragos ficaram então entregues à hospitalidade inglesa, sendo transportados pelo Canal da Mancha até o porto de Rio Grande pelo veleiro “Sauser”, cuja data de chegada foi 23 de março.

Os primeiros anos foram extremamente difíceis, pois o trabalho na selva, em si já penoso, para muitos tornou-se ainda mais pesado, pois não procediam sequer do meio rural, acrescendo a todos esses fatores adverso o novo clima e as novas condições de vida. O rancho de barro era a primitiva moradia. Dinheiro havia pouco. Cada qual procurava plantar o necessário para seu sustento, assim como procurava ser seu próprio pedreiro, carpinteiro, ferreiro, marceneiro, sapateiro e curtidor. Panos e fazendas mais grossas eram tecidos com fio de linha da própria produção. A farinha era moída a mão. Uma concha de gordura com pavio servia de luz. Cada qual precisava executar seus próprios serviços, pois, além de não haver dinheiro, não havia os profissionais, sendo que os primeiros chegaram somente em 1857.

Mesmo com todas as dificuldades com as quais conviveram, os imigrantes jamais se esqueceram da fé e da educação. Assim, a Comunidade Evangélica de Rio Pardinho teve seu primeiro pastor em 1855. Mas apenas em 1866 chegaram à zona de Santa Cruz os primeiros pastores formados da Alemanha.

Já com um pastor formado, em março de 1866, é fundada a Comunidade, em cuja sessão de fundação, integrada por 52 habitantes, resolve pela construção de um templo. A cerimônia de colocação da pedra fundamental ocorreu em 17 de abril de 1866 e, em 9 de setembro do mesmo ano a igreja é inaugurada, ministrando cultos a cada três semanas, em conjunto com a comunidade de Santa Cruz, o Pastor Bergfried. Esta igreja é atualmente a mais antiga da IECLB no Rio Grande do Sul.

Ao longo dos anos, a comunidade seguiu firme e forte, e se destacou em diversas áreas, na cultura, educação, esporte e na economia. Rio Pardinho, hoje, é uma localidade pujante, com forte produção agrícola e industrial, graças aos investimentos nos setores processamento de carnes e também do setor de tabaco.

A programação dos festejos dos 170 anos de Imigração Alemã em Rio Pardinho é uma promoção da Associação Cultural, Recretiva e Beneficente Imigrante (Acrebi), e já teve uma série de atrações ao longo dos últimos dias e culmina no domingo, dia 20 (ver abaixo). Um dos pontos altos deve acontecer ainda pela manhã com o culto ecumênico, na Igreja Imigrante, às 9h, e, posterior, caravana festiva, com carros antigos. No sábado, dia 19, ocorre um Torneio de Futebol de Escolinhas no campo do FC Rio Pardinho.

“A programação está sendo intensa, mas à altura dos antepassados da nossa comunidade. Convidamos a todos a participarem de toda nossa programação neste domingo, que vai ter atrações para todos”, destaca o pastor André Martin, integrante da comissão organizadora.

Programação

Domingo

9h: Culto Ecumênico, na Igreja Imigrante

10h15: Caravana Festiva

10h45: Recepção, exposição dos jogos germânicos

11h: Apresentação do grupo “Os Colonos” e venda de artesanato e exposição de ítens antigos

11h30: Almoço – bufê, com Eissbein e Blinder Hase (R$ 40,00 antecipado)

13h: Solenidade Comemoração aos 170 Anos e encerramento dos Jogos Germânicos, com premiação aos melhores competidores

14h: Reunião Dançante, com Feliz em Festa, cobrança de ingressos a partir das 15h no valor de R$ 10,00

18h: Domingueira com Banda Alma Nova

22h: Encerramento das festividades